terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Acusado de massacre no Arizona pode ser condenado à morte


Jared Lee Loughner se apresentou à Justiça; deputada segue internada em estado grave

O homem indiciado pelo ataque que deixou seis mortos em Tucson, no Arizona, compareceu ao tribunal em Phoenix pela primeira vez nesta segunda-feira (10), em uma audiência que alimentou a hipótese de condenação à morte, já que as primeiras investigações apontam para um ataque cuidadosamente planejado.
Algemado e com a cabeça raspada, Jared Lee Loughner, de 22 anos, compareceu ao tribunal federal de Phoenix dois dias após irromper em um ato da deputada democrata Gabrielle Giffords, em Tucson, e abrir fogo contra 20 dos presentes. O tiroteio matou seis pessoas e feriu outras 14, entre elas Gabrielle, que segue hospitalizada em estado crítico, mas estável, depois de uma bala ter atravessado o seu cérebro.

O acusado, que ficou detido sem a possibilidade de fiança após a audiência, escutou e assentiu enquanto o juiz lia as cinco acusações e as possíveis sentenças, entre elas a de pena de morte pelas duas acusações de assassinato em primeiro grau.

Embora a acusação ainda não tenha anunciado a sentença que perseguirá para Loughner, os rumores indicando a pena capital ganharam força após os primeiros resultados da investigação, que mostram um jovem mentalmente instável que planejou metodicamente o assassinato da congressista.

Segundo o oficial de justiça do condado de Pima, Clarence Dupnik, o acusado "não está dizendo uma palavra". Apesar disso, a Polícia encontrou na casa dos pais de Loughner registros seus com as palavras "planejei com antecedência" e "meu assassinato", escritas junto ao nome "Giffords".

No mesmo cofre que continha o envelope, foi encontrada ainda uma carta que o escritório da legisladora enviou a Loughner em 2007 para agradecer por sua participação em um ato do "Congresso na sua esquina", a mesma iniciativa onde aconteceu o massacre de sábado.

No entanto, essas provas são insuficientes para determinar o que motivou o atentado contra Gabrielle, pelo que as autoridades se concentram agora em entrevistar as pessoas que o conheciam e analisar os sinais de instabilidade mental que ele mesmo deixou patentes na internet.

Provas deixadas na rede e vida pregressa serão usadas contra Loughner

Os sinais mais evidentes são os vídeos que publicou em sua conta no YouTube e em seu extinto perfil no MySpace, nos quais demonstrava indignação com o nível de analfabetismo em seu condado, advogava pela criação de uma nova moeda americana e falava dos "métodos de lavagem cerebral" que o governo empreendia no país através do controle da gramática.

Uma dessas estranhas alegações, na qual assegurava que sua universidade, a Pima College, podia ser "ilegal ou inconstitucional", levou à sua expulsão no ano passado, e existem rumores de que foi rejeitado pelo serviço militar por ter sido reprovado em um teste antidrogas. Seu discurso exaltado levou alguns veículos da imprensa a ligá-lo a grupos extremistas como o "American Renaissance", que defende uma supremacia branca, mas o Departamento de Segurança Nacional negou nesta segunda-feira que existam provas desta conexão.O Tea Party do estado do Arizona se apressou em confirmar que Loughner, registrado em 2006 como votante independente, não está filiado ao movimento ultraconservador, que tem retórica inflamatória similar à do acusado.

O debate sobre a relação entre a linguagem e a violência começou após veementes declarações de Dupnik, que descreveu o Arizona como "a Meca dos preconceitos e da intolerância", assegurando que no estado se vive em um "clima de ódio". A este debate se somaram vozes pedindo a revisão das regulações que permitem a posse de armas, com o objetivo de repassar estritamente o histórico dos que solicitarem uma licença para impedir a compra por parte de pessoas instáveis.

A procuradora do condado de Pima, Barbara Lawall, disse que “no Arizona, temos, provavelmente, o sistema mais liberal de venda de armas de todo os Estados Unidos", e considerou "improvável" que o caso leva a uma mudança legislativa. Por enquanto, a única hipótese que parece descartada no início das investigações é que Loughner tenha atuado com ajuda, depois que as autoridades negaram a conexão do motorista do táxi que o levou ao local com o ataque.

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