domingo, 12 de dezembro de 2010

COP-16 termina em acordo modesto com único voto contra da Bolívia

A conferência da ONU para o clima, a COP-16, terminou em Cancún, no México, na madrugada deste sábado de uma forma inesperada. Contra a expectativa de que não haveria anúncios relevantes ao final do encontro, foram firmadas duas decisões: a criação do Fundo Verde e a extensão do Protocolo de Kyoto para além de 2012, quando expira o tratado.
Perto do final de duas semanas de conversas envolvendo quase 200 países, muitos ministros do Meio Ambiente elogiaram uma proposta do México para quebrar um impasse entre as nações ricas e as pobres sobre corte nas emissões da gases causadores do efeito estufa pelos países desenvolvidos, previsto no Protocolo de Kyoto. O acordo proposto não inclui um compromisso para estender o protocolo além de 2012, quando ele vai expirar, mas evita o fracasso das negociações sobre mudanças climáticas e proporciona alguns pequenos avanços na proteção ao meio ambiente.
Embora os acordos sejam limitados e já vinham sendo discutidos, eles restauraram um pouco da credibilidade perdida em Copenhague. No “trabalho em duplas”, coube ao Brasil e ao Reino Unido buscar o consenso sobre Kyoto e lidar principalmente com a resistência japonesa quanto ao tratado – na sexta-feira, o Japão, a Rússia e o Canadá haviam dito que não participariam da segunda fase de Kyoto.
Renovar ou não o Protocolo de Kyoto foi o grande debate na conferência. Os países opositores a Kyoto exigiam que fossem incluídas reduções das emissões para economias emergentes como Índia e China – esta é um dos maiores poluentes do planeta. Já os grandes países emergentes dizem que não aceitariam um ônus tão grande quanto das nações ricas. Há, ainda, a questão dos Estados Unidos, que até agora não ratificaram Kyoto e a questão segue sem definição. Apesar do consenso, não houve fixação de datas e prazos. Xie Zhenhua, chefe da delegação chinesa em Cancún, afirmou que Pequim apoiava a proposta:
– Embora ainda haja algumas falhas, expressamos nossa satisfação com o acordo – disse.
A China e os Estados Unidos são os dois maiores emissores de gases causadores do efeito estufa. Outros países que emitem larga escala de poluentes são os da União Europeia, a Índia, o Japão e muitas nações desenvolvidas, sendo que todos apoiaram a proposta que definitivamente encerraria uma disputa entre países ricos e pobres sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, no próximo ano.
A Bolívia foi o único a se posicionar contra as decisões da COP-16, argumentando que o plano não é suficiente para combater as mudanças climáticas. Segundo a delegação boliviana, elas são tão fracas, que poderiam colocar o planeta em risco. O país vai recorrer à Corte Internacional de Justiça de Haia para contestar o resultado da COP-16. Às 4h no horário local, o presidente mexicano, Felipe Calderon, declarou em discurso que a COP-16 foi um “sucesso”. Ele acrescentou que a “inércia da desconfiança” foi superada finalmente.
– O que temos agora é um texto. Se não é perfeito, é certamente uma boa base para ir em frente – disse o chefe das negociações da ONU, Todd Stern.
A criação do Fundo Verde, que ajudará as nações em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas, também foi anunciada. A União Europeia (UE), Japão e Estados Unidos prometeram doações de até US$ 100 bilhões até 2020. A curto prazo, os países se comprometeram também com uma ajuda imediata de US$ 30 bilhões. O pacote de medidas inclui ainda um mecanismo de proteção das florestas tropicais do planeta, cujo maciço desmatamento provoca 20% das emissões de gás do efeito estufa no mundo, e novos meios de dividir tecnologias de energia limpa.

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