terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A chuva forte que atingiu São Paulo e a região metropolitana deixou parte do ABC debaixo d'água no fim da tarde desta terça-feira (18). São Bernardo do Campo e Santo André foram bastante atingidos. A Avenida dos Estados, que passa por Santo André, ficou completamente alagada, deixando motoristas presos em seus carros e passageiros sem poder sair dos ônibus. A Via Anchieta, acesso ao litoral, foi fechada preventivamente. (Para mais informações sobre o trânsito, você pode acompanhar as câmeras do G1 ou consultar uma tabela com as condições das principais vias.) O helicóptero Águia da PM foi acionado para ajudar a retirar as pessoas dos carros e dos ônibus na Avenida dos Estados. O salvamento era feito com o auxílio de cestas. As vítimas do alagamento foram levadas para uma quadra perto. A Praça IV Centenário, na região central de Santo André, ficou sem energia. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrava às 19h 103 km de lentidão, o que representava 11,9% das vias monitoradas. No horário, a Zona Sul era a região com mais problemas para os motoristas: 42 km de filas. Em Santo André, havia dois pontos de alagamento intransitáveis na cidade, um na Avenida dos Estados e outro na Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo. De acordo com a Defesa Civil de Santo André, o Rio Tamanduateí, o Córrego Guarará e Ribeirão dos Meninos transbordaram. Pedestres tentavam resgatar motoristas jogando cordas no meio de avenidas. A Defesa Civil confirmou o desmoronamento de uma casa no Jardim Zaíra, em Mauá, também no ABC. Havia suspeitas de outros deslizamentos em bairros próximos, como o da Oratória. Os locais mais atingidos estavam sem luz e telefones fixos ainda por volta de 20h. Nesse horário, não havia informação de feridos na cidade. Homem sobe no teto do carro para escapar de alagamento no ABC (Foto: Reprodução/TV Globo) Via Anchieta Por precaução, a concessionária Ecovias bloqueou às 18h40 a pista central da Via Anchieta, no sentido litoral, entre os km 10 e 14. Isso porque o nível do Ribeirão dos Couros colocava em risco a viagem dos motoristas. O trecho interditado fica na região de São Bernardo do Campo (ABC). Os veículos trafegavam pela pista marginal em direção às praias. O sentido capital paulista da Via Anchieta também foi bloqueado. Pontos de alagamento O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), no mesmo horário, já havia registrado ao menos 15 pontos de alagamento, sendo cinco deles intransitáveis, em diferentes pontos da cidade. Na Zona Sul, por exemplo, as avenidas Interlagos e M'Boi Mirim ficaram alagadas em ao menos dois pontos distintos cada uma. A esquina das avenidas Santo Amaro com a Roque Petroni Júnior também encheu com a chuva. O Corredor Norte-Sul registrava no horário 7,25 km de congestionamentos, nos dois sentidos. Toda a cidade de São Paulo entrou em estado de atenção a partir das 17h25. No horário, foram colocadas em atenção as zonas Leste, Sudeste e Sul, além da Marginal Pinheiros. Às 17h10, o CGE já havia colocado preventivamente em estado de atenção as zonas Norte e Oeste de São Paulo, além do Centro e da Marginal Tietê. Pancadas de chuva atingiam os extremos das regiões norte, como Tremembé e Perus, no horário, segundo o CGE. Com o estado de atenção em toda a cidade, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) acionou imediatamente o seu plano emergencial de atendimento às enchentes. Os agentes de trânsito que estavam em serviço foram deslocados para monitorar os principais corredores de trânsito e locais com maior possibilidade de alagamentos, como a Marginal Tietê, a Marginal Pinheiros, o Vale do Anhangabaú e os entornos dos rios Tamanduateí, Aricanduva, Ipiranga e Pirajussara. Aeroportos O Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da capital paulista, teve de ser fechado por 10 minutos em razão da chuva, das 17h35 até as 17h45. O Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, operava de modo visual, apesar da chuva que atingia a cidade. O terminal registrou chuva forte acompanhada de rajadas de vento de 58 km/h. O Campo de Marte, aeroporto de aviação executiva na Zona Norte, também foi fechado para pousos e decolagens. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que devido a um defeito no fornecimento de energia elétrica da subestação Itaquera na Linha 11-Coral (Luz-Guaianazes) a circulação de trens no trecho entre as estações Corinthians-Itaquera e Guaianazes, na Zona Leste, era realizada por uma única via. Isso gerava maior intervalo de espera nas plataformas. Até as 19h20 não havia previsão de retorno à normalidade. Os passageiros eram orientados pelo sistema de som das estações e trens. Como alternativa, a região conta com a Linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), da CPTM, e a Linha 3-Vermelha (Palmeiras-Barra Funda / Corinthians-Itaquera), do Metrô, com transferência gratuita nas estações Corinthians- Itaquera e Tatuapé. A circulação de trens na Linha 10-Turquesa (Luz-Rio Grande da Serra) era feita somente entre as estações Luz e São Caetano e Mauá e Rio Grande da Serra. A Operação PAESE (serviço de ônibus gratuitos) foi acionada para fazer o transporte dos passageiros entre as estações São Caetano e Mauá.

O número de vítimas na Região Serrana do Rio já chega a 711 em seis cidades. Ainda há pelo menos 17 localidades em que só é possível chegar de helicóptero ou carro 4x4.
Pelos últimos levantamentos dos municípios, são 335 mortos em Nova Friburgo, 285 em Teresópolis, 62 em Petrópolis, 22 em Sumidouro, 6 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim.

A prefeitura de São José do Vale do Rio Preto explica que 6 corpos foram encontrados na cidade, mas não há confirmação que eles sejam moradores do município. Segundo a prefeitura, eles podem ser de moradores de outras cidades e chegaram até lá pela correnteza do Rio Preto.
O número de desaparecidos segue incerto. Teresópolis, Petrópolis e Sumidouro já contam com 182 com paradeiro desconhecido. Mas há cidades em que não há lista de desaparecidos.

A Secretaria estadual de Saúde e Defesa Civil tem feito um levantamento próprio e informou às 18h que são 701 mortos no estado, sendo 334 em Nova Friburgo, 285 em Teresópolis, 62 em Petrópolis e 20 em Sumidouro.
Segundo a Polícia Civil, até as 17h45 desta terça-feira (18), 696 corpos já foram resgatados e identificados pelos peritos do IML (Instituto Médico Legal), sendo 280 em Teresópolis, 334 em Nova Friburgo, 58 em Petrópolis, 19 em Sumidouro, 4 em São José do Vale do Rio Preto e 1 em Bom Jardim.
Petrópolis
A Defesa Civil de Petrópolis informou, nesta terça-feira (18), que registrou três pequenos deslizamentos de terra ocorridos no Centro e nos bairros Bingen e Vila Militar, fora da área de Itaipava. Em aproximadamente uma hora foram registrados 80 mm de chuva no Centro. Em todos os locais os engenheiros da Defesa Civil já fizeram a vistoria. As buscas por vítimas continuam nas áreas de difícil acesso, principalmente no Vale do Cuiabá e na localidade de Brejal, no distrito da Posse.

Em Friburgo, veículos desceram pela encosta
(Foto: Tássia Thum / G1)
Nova Friburgo
A Secretaria de Comunicação da prefeitura de Nova Friburgo diz que não há como separar desabrigados de desalojados, porque muita gente procurou abrigo em casa de parentes, amigos ou vizinhos. A prefeitura calcula que existam na cidade entre 5.200 e 6 mil desalojados e desabrigados, e afirma que não há mais bairros isolados na cidade.
O abastecimento de água e de energia, de acordo com a prefeitura, já foi restabelecido em cerca de 70% de Nova Friburgo. Técnicos voluntários, inclusive de outros estados, trabalham para restabelecer os serviços de telefonia. O maior problema agora, é a coleta de lixo, já que além de sofás e outros objetos de grande porte, ainda há grande quantidade de troncos de árvores e pedras que precisam ser removidos das ruas da cidade.
A prefeitura de Nova Friburgo divulgou, nesta terça, através de seu blog, a lista com os números e os endereços de todos os orelhões da cidade que estão funcionando de graça. O objetivo é facilitar a comunicação de moradores com parentes e amigos.

Em Teresópolis, caminhão ficou suspenso com a
força das águas (Foto: Thamine Leta/G1)
Teresópolis
Em Teresópolis, segundo a prefeitura, grande parte do 3º Distrito, como é chamada a Zona Rural, ainda tem dificuldade de acesso por terra. A área representa 66% do município.
O G1 chegou nesta terça ao bairro Campo Grande, em Teresópolis, que ficou isolado pelas chuvas fortes que atingiram o município na última semana. Na chegada, um cenário desolador: dezenas de casas desapareceram em uma avalanche de pedras. Entre os moradores, histórias de perdas de familiares, sofrimento e alívio por estar vivo. Eles têm a certeza de que há muitos mortos que ainda não foram resgatados na área.

A destruição da ponte de Bom Jardim dividiu a
cidade em duas (Foto: Tássia Thum / G1)
Bom Jardim
Em Bom Jardim, segundo a prefeitura, foi encontrado o primeiro corpo na cidade nesta terça, oficialmente, encontrado no distrito de São José do Ribeirão. Quatro pontes caíram na cidade que, por causa disso, está dividida em quatro regiões. Há muitas áreas em que a ajuda só chega de helicóptero. Entre elas: Banquete, São José do Ribeirão, São Miguel, Bem te vi, Bom Destino e Jardim Boa Esperança.
Toda a frota da prefeitura foi destruída pelas águas, o que dificulta o acesso das equipes de resgate e serviço na cidade e 1.200 pessoas estão desalojadas e 700 estão desabrigadas.

Carro destruído em São José do Vale do Rio Preto
(Foto: Glauco Araújo/G1)
São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro
Em São José do Vale do Rio Preto, segundo a prefeitura, foram encontrados seis corpos que foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) de Petrópolis. Não há registro de desaparecidos. As chuvas deixaram 2.064 desabrigados e desalojados. Na cidade, as localidades conhecidas como Poço Fundo, Parada Morelli e Areias seguem ilhadas.
Em Sumidouro, por causa da dificuldade de comunicação, o órgão ainda contabiliza o número de desabrigados e desalojados. Há ainda sete localidades com acesso restrito: Santo André, São Bento, Cascata, Itororó, Fazenda Boa Vista, Fazenda Santa Cruz e Pilões.

Prédio de dois andares destruídos em Areal
(Foto: Arthur Emanuel Vieira da Cruz/VC no G1)
Areal
Em Areal não houve mortos, segundo a prefeitura. Mas a chuva causou estragos, destruindo 50 casas e interditando várias pontes que fazem ligações entre os bairros do município.
Apenas o bairro Amazonas está numa área onde o acesso é muito difícil, mas mesmo assim, a ajuda está chegando aos moradores. A prefeitura calcula que 1.200 pessoas estão desabrigadas e 2.500 desalojadas.

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