segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Institutos divergem sobre quantidade de chuvas na região serrana do Rio

Probabilidade de outra chuva dessa magnitude ocorrer é de uma a cada 350 anos
O Inea (Instituto Estadual do Ambiente) contesta o índice de chuvas na região serrana do Estado do Rio de Janeiro divulgado pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). As duas entidades estão divergindo nos números e na intensidade de água que caiu sobre as sete cidades fluminenses no dia 11. O único ponto em que os dois relatórios confluem é que a forte tormenta foi a maior já registrada na história na localidade.

Os dados do Inmet mostram que no dia 12, a cidade de Teresópolis registrou 124,6 mm de água, ultrapassando o valor recorde do ano de 1977, quando o patamar foi de 140,8 mm. Já na cidade de Nova Friburgo, no mesmo dia, o índice teria ficado em 182,8 mm. O recorde para este município tinha sido registrado em 1964, quando reportou 113 milímetros.

O Inea, por sua vez, afirma que sua estação meteorológica localizada em Nova Friburgo registrou 249 mm entre as 8h do dia 11 e as 8h do dia 12. Em apenas um dia, teria chovido o esperado para o mês todo, de 227 mm. No entanto, o Inea não possui uma série histórica para afirmar o valor recorde anterior. Mesmo assim, se analisados os valores apresentados pelos dois institutos, o número do Inea superaria o recorde do Inmet.

A presidente do Inea, Marilne Ramos, afirmou que este tipo de acontecimento é extremamente raro e só ocorreria em um longo espaço de tempo. Geólogos do DRM (Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio de Janeiro) dizem que a formação rochosa na região impreterivelmente propicia este tipo de acontecimento, mas também alerta que ocorrências dessa magnitude somente ocorreriam em situações muito específicas.

- Foi uma sequência de situações muito rara. A massa de ar úmida que veio da Amazônia e foi represada na região mais a massa de ar quente do oceano. Acrescenta-se aí a massa de ar que veio do sul do Brasil. Essa junção propiciou um condensamento localizado em cima do batoli (extensa rocha) da serra dos Órgãos (com mais de cem quilômetros de extensão). A intensa água mais as condições do fino solo sobre as rochas ocasionou nessa tragédia.

Marilene Ramos, em entrevista recente, afirmou que a probabilidade de outra chuva nessa intensidade seria de 1/350, ou seja, ocorre uma vez a cada 350 anos.

Tragédia das chuvas
O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro no dia 11 deste mês deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Comente"