terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Novos confrontos e mortes aumentam o caos no Rio de Janeiro


Pelo menos 14 pessoas morreram nos confrontos no Rio de Janeiro esta quarta-feira e houve 25 detenções. A onda de violência terá sido causada pelas ocupações das favelas e as apreensões levadas a cabo pela polícia e está a gerar o caos em algumas zonas da cidade.O reforço do policiamento e o facto de ter sido posta de prevenção a polícia militar não foi suficiente para conter a violência e ao final do dia registaram-se novos confrontos e ataques a carros e a cabines da polícia militar.

Um autocarro foi incendiado na Avenida Getúlio de Moura, em Iguaçu, outros dois veículos foram incendiados na parte norte da cidade, Para trás ficam já três dias de violência que, ao todo, resultaram em 21 mortes e 153 detenções.

Esta quarta-feira a polícia confirmou a morte de 14 pessoas ligadas ao tráfico de droga. Na noite de terça para quarta-feira foram incendiados 18 carros e cinco autocarros, bem como um posto da polícia militar. A imprensa qualificou estes ataques como “guerrilha” e salientou que os incêndios em algumas vias principais, como a Linha Vermelha que conduz ao aeroporto, instalaram o pânico entre a população.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, lançou um apelo à calma mas salientou que “estas acções são um acto desesperado dos criminosos”. Segundo as autoridades, esta violência é uma resposta à criação de unidades de pacificação da polícia para restabelecer a ordem nas favelas.

O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse que os ataques são a reacção dos traficantes ao policiamento das favelas e à transferência de alguns dos cabecilhas para prisões federais. Alegadamente, esta última ordem de ataque terá partido dos chefes do tráfico Márcio Santos Nepomuceno (“Marcinho VP”, líder do Comando Vermelho) e Marco António Pereira Firmino (“MV Thor”), presos na prisão federal de Catanduvas, no Paraná. Há meses que a polícia monitorizava a sua correspondência, que dava conta da crescente frustração dos seus “comandos” nas favelas com a presença da polícia nos morros e da sua intenção de atacar as UPP e as sedes de organizações não-governamentais que realizam trabalho com as comunidades locais.

Uma segunda explicação avançada por alguns analistas aponta para responsabilidades mais difusas. Essa teoria alternativa diz que a ocupação policial das favelas levou a um “emagrecimento” dos “quadros de pessoal” envolvido no tráfico de droga, o que deixou para trás uma quantidade de bandidos que agora estão sem ocupação e rendimentos. Serão esses “desocupados” do tráfico que andam descontrolados pela cidade.

Uma das vítimas dos confrontos desta quarta-feira foi uma criança de 14 anos, atingida por um tiro na favela do Grotão, adiantou “O Globo”. No Morro do Faz Quem Quer foram mortas três pessoas, enquanto nas comunidades Guaxa e Jardim Floresta houve oito mortos e a apreensão de várias armas.
Algumas ruas do bairro de Ipanema foram cortadas depois de terem sido encontradas duas arcas abandonadas, noticiou o jornal “O Globo”. O corte das ruas gerou o caos no trânsito.

As caixas, com mais de um metro de altura, provocaram o pânico entre os moradores e levaram a polícia a isolar a região e a enviar helicópteros para sobrevoar o local. Mas, segundo “O Globo”, a polícia suspeita que se terá tratado de uma campanha publicitária, que gerou preocupação devido à violência ligada a grupos de traficantes de droga que se tem registado no Rio de Janeiro nas últimas horas.

O modo de actuação dos grupos que promovem os ataques a viaturas tem sido quase sempre o mesmo: fazem parar o carro e sair os passageiros e depois incendeiam a viatura. As autoridades já mobilizaram centenas de polícias para patrulhar as ruas e as favelas onde o tráfico de droga é mais frequente.

Esta terça-feira a polícia já tinha ocupado com blindados e sobrevoado de helicóptero várias favelas do Rio de Janeiro numa vasta ofensiva contra os narcotraficantes. A polícia militar informou que durante estas operações registaram-se trocas de tiros e foram mortas sete pessoas ligadas ao narcotráfico. Já esta manhã a polícia militar realizou operações em mais de dez favelas para travar a violência. Foram feitas detenções na Vila Kennedy, na zona Norte da cidade, adiantou o "Folha de São Paulo", e também na favela de Vila Cruzeiro, na Penha, também na parte norte da cidade, onde houve um tiroteio e foi apreendida uma granada e duas bombas artesanais. A polícia militar está em estado de alerta e já recrutou os elementos que se encontravam de folga. A nova vaga de violência volta a colocar um forte desafio às autoridades brasileiras quando já se aproxima a realização do Mundial de Futebol de 2014 e do Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

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