sábado, 15 de janeiro de 2011

Sobreviventes na região serrana

Poucos dias após enchentes e deslizamentos de terra em cidades da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, que acarretarem na maior tragédia climática da história do Brasil, milhares de pessoas que perderam suas residências e seus pertences têm ainda que conviver com uma onda de saques e de boatos.

Um alarme falso sobre o rompimento de uma represa provocou um enorme corre-corre e levou pânico à principal avenida de Nova Friburgo, uma das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas que caem sobre a região nos últimos dias.

O boato sobre o reservatório se alastrou rapidamente e provocou correria até mesmo no hospital de campanha montado pela Marinha na sede da prefeitura. Pacientes e militares ficaram em pânico e muita gente abandonou a unidade às pressas.

Em Teresópolis, outro município que teve grandes perdas com a força da água, uma série de denúncias de saques em casas e estabelecimentos comerciais fazem com que moradores e proprietários retornem ara suas residências e lojas para verificar a situação de suas propriedades.

O prefeito de Teresópolis Jorge Mario Sedlacek informou nesta sexta-feira (14) que a Prefeitura está recebendo as denúncias e analisando todas as informações.



Recebemos denúncias sobre isso sim, mas a polícia militar está seguindo para essas áreas.

Em entrevista coletiva, Jorge Mario informou que a reconstrução da cidade deve ultrapassar os R$ 500 milhões. Apenas para liberar ruas e estradas, o prefeito estima um custo de R$ 98 milhões.

Ao todo, quase 14 mil tiveram perderam suas casas nas cidades de Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis.

Mortos e feridos

Por volta das 15h desta sexta-feira, o número de vítimas da tragédia da região serrana já tinha passado passado dos 520 mortos. Esse balanço é referente ao número de corpos resgatados que deram entrada no IML (Instituto Médico Legal).

Os corpos identificados e liberados pelo IML começaram a ser enterrados na última quinta-feira (13). Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.

Para dar conta dos corpos recolhidos no segundo dia de buscas, retroescavadeiras ajudam a cavar novas covas ao lado do cemitério de Teresópolis.

Cheiro de lama se mistura ao de pessoas e animais mortos

Para quem está na área, o “cheiro de morte” paira pelo ar. Voluntário da Defesa Civil desde 1988, Ronaldo Antônio Lopes é morador da Posse, distrito de Petrópolis. Conhecido como Borracha, o voluntário não descansa. Desde quarta-feira (12) ele vai de ônibus ou de carona para socorrer as vítimas do Vale do Cuiabá, uma das regiões mais atingidas pela chuva.

- Ontem cheguei em casa às 11 da noite e acordei às 6 da manhã. O que mais me choca é que tem muita criança morta. Eu vou tentar até o último dia encontrara os corpos, pois é o único conforto das famílias.

Ele conta como é a situação atual dos locais mais atingidos.

- O cheiro é uma mistura de lama, madeira, animais e pessoas mortas.

Turismo, vida cultura e preços dos alimentos

A tragédia causada pelas fortes chuvas vai exercer um impacto devastador por muito tempo ainda na vida das cidades serranas de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, que têm no turismo, na gastronomia diferenciada e na vida cultural fatores de geração de renda, emprego e atração de visitantes.

O impacto econômico no setor de turismo para os próximos 30 dias nos três municípios mais afetados pelas chuvas já chega a R$ 32.569.875,00. O cálculo se baseia em uma ocupação de 85% dos hotéis da região nesta época do ano. O número foi calculado com base na média diária de gasto na região, que é de R$ 325.

Os deslizamentos de terra e as enchentes que tomaram as cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo desde a noite de terça-feira (11) já mostram reflexos nos preços de diversos alimentos comercializados no Ceasa-RJ (Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro).

De acordo com informações da Ceasa-RJ, os preços praticados nesta quinta-feira (13) de alguns produtos dobraram. Em alguns casos, os valores praticamente triplicaram.

A região serrana fluminense é um importante polo de produção hortícola do Brasil e o maior do Estado do Rio de Janeiro. Em relação ao total da produção estadual, a região responde por 99% da produção de ervilha, 99% de beterraba, 96% da couve-flor, 96% do brócolis, 88% da batata-inglesa, 79% da cenoura, 77% do feijão-de-vagem, 66% da salsa e 28% do tomate, segundo levantamento feito pelos pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Embrapa, Pierre Nicholas Grisel e Renato Linhares de Assis.



Tragédia

O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgates ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

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No final da noite desta sexta-feira (14), a presidente Dilma Rousseff, liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.

Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais), também estão ajudando e recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) começaram a ser enterrados quinta-feira (13), alguns deles sem identificação. Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.

Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado.

- Está provado que houve ocupação irregular, tanto de baixo, quanto de alta renda. Está provado também que houve dano da natureza, isso não tem a ver com pobre ou rico.

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