quinta-feira, 24 de março de 2011

Forte tremor atinge o Japão enquanto operários de usina nuclear são internados


Um terremoto de 6,1 graus na escala Richter com epicentro no Oceano Pacífico, em frente à costa da Província japonesa de Iwate, sacudiu nesta quinta-feira (24) o nordeste do Japão.

Até o momento não houve informações sobre danos ou vítimas, e o tremor não levou a um alerta de tsunami. Também não há informações sobre se o terremoto interferiu nos trabalhos de resfriamento da usina nuclear de Fukushima, onde operários tiveram que ser internados por causa da exposição à radioatividade nesta quinta-feira.

Segundo a Agência Meteorológica do Japão, o terremoto, que foi sentido em Tóquio, teve em Ishinomaki, no litoral da Província de Miyagi, intensidade de 5 na escala fechada japonesa com máximo de 7.

A zona foi uma das mais atingidas pelo tsunami do dia 11. O epicentro do tremor, a 20 km de profundidade, foi situado na mesma zona que a maioria das 700 réplicas que sacudiram o nordeste japonês desde o devastador terremoto de 9 graus na escala Richter e o posterior tsunami.

A Agência Meteorológica do Japão indicou que o novo terremoto pode provocar leves mudanças no nível do mar, embora não tenha emitido alerta de tsunami.
O terremoto teve intensidade de 4 na escala japonesa nas Províncias de Iwate e Miyagi, onde se registrou a maior parte dos mais de 26 mil mortos e desaparecidos do grande terremoto ocorrido há 13 dias.

Em Tóquio, cujos edifícios estão especialmente preparados para resistir a sismos, o tremor chegou a ser sentido com intensidade 2 na escala japonesa.

Trabalhadores de usina foram internados

Dois operários da usina nuclear de Fukushima, severamente afetada pelo terremoto do dia 11, foram hospitalizados nesta quinta-feira depois de terem sido expostos à radiação excessiva enquanto trabalhavam para levar cabos elétricos ao reator número 3, informou a emissora de televisão NHK.

Os dois funcionários, junto com um terceiro trabalhador que não precisou ser levado ao hospital, receberam radiação entre 170 e 180 milisievert, segundo a emissora, que cita fontes da Agência de Segurança Nuclear do Japão.

Os feridos eram terceirizados da Tokyo Electric Power Company (Tepco), a empresa operadora da central, e trabalhavam para estender o cabo elétrico ao edifício de turbinas que se encontra em frente ao reator 3.

Os dois foram levados ao hospital da cidade de Fukushima, e de lá devem ser transferidos para um instituto especial de radioatividade na cidade de Chiba, no leste do Japão.

Nesta quarta-feira (23), um dos trabalhadores empenhados em evitar o desastre na usina já havia sido exposto a uma alta dose de radiação que poderia elevar o risco de câncer, segundo a AIEA (agência nuclear da ONU).

Resfriamento

O resfriamento do reator 3 foi retomado com o lançamento de água para resfriar sua piscina de combustível. Em seis horas, as equipes militares e de bombeiros injetaram entre 4 e 5 toneladas de água na piscina, segundo a Agência de Segurança Nuclear. As operações estavam paralisadas por conta de uma fumaça preta que saía do reator desde quarta-feira. O reator 3 já tem luz na sala de controle e é o único dos seis da central que usa como combustível uma mistura de urânio e plutônio (MOX). Os operários da Tepco também lutam para controlar a situação nos reatores 1, 2 e 4. Nos reatores 5 e 6, a eletricidade e o resfriamento foram restabelecidos.

Radiação chegou à água e alimentos

A radioatividade na água de Tóquio registrou queda nesta quinta-feira, voltando a níveis seguros para consumo, inclusive por bebês. Nesta quarta-feira, o governo da capital japonesa advertiu os pais para que não dessem água da torneira para as crianças com menos de um ano devido ao alto índice de iodo radioativo.

O problema, no entanto, continua na cidade de Kawaguchi, onde os índices ainda estão altos.

O governo federal recomendou também que não sejam consumidas verduras como espinafre, brócolis e couve produzidas na Província de Fukushima, onde está localizada a usina nuclear danificada.

O governo do Japão ainda pediu que a população não beba leite e não coma salsinha da Província vizinha de Ibaraki devido a níveis de radiação superiores ao normal.

Segundo indicou em entrevista coletiva Yukio Edano, porta-voz do Executivo japonês, essas medidas foram adotadas "por precaução".

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