domingo, 7 de março de 2010

Terra fica mais quente e coloca espécies em perigo

Ação humana, com emissões de CO2, faz com que temperatura no planeta fique maior
Fábricas queimando carvão, carros usando gasolina, o desmatamento atingindo florestas como a Amazônica: todas essas ações humanas estão causando um fenômeno chamado aquecimento global, que é o aumento da temperatura aqui na superfície da Terra.

Dados do programa norte-americano para mudança climática indicam que a temperatura global vem aumentando em 0,16ºC por década desde 1979 – parece pouco, mas mesmo esses pequenos índices podem ter um efeito devastador na vida na Terra.

O aquecimento global é uma mudança climática causada por vários fatores. Durante os últimos 2.000 anos, o clima da Terra se manteve relativamente estável.

Os cientistas identificaram apenas três grandes turbulências que alteraram dramaticamente o clima, como uma pequena Era do Gelo (1.500 a 1.850), uma anomalia climática durante a Idade Média (900 a 1.300) e a Era Industrial, em que o número de fábricas e indústrias cresceu de modo dramástico, principalmente nos últimos cem anos.

Até o começo da Era Industrial, o efeito estufa era causado por erupções vulcânicas e por mudanças na órbita da Terra, na intensidade do Sol, na concentração de gases do efeito estufa e nas correntes marítimas. Mas, nos últimos anos, os pesquisadores descobriram que a média global de temperatura durante as últimas décadas foi maior que a dos últimos 400 anos.

Evidências também revelam que, em alguns lugares do mundo, as temperaturas foram mais altas durante os últimos 25 anos do que nos últimos 1.100 anos. Os oito anos mais quentes de que se tem registro (desde 1880) ocorreram todos desde 2001, sendo que em 2005 ocorreu o ápice.

"Vilão"

Os chamados gases do efeito estufa são considerados os "vilões" dessa história. Dentre esses gases está CO2 (dióxido de carbono), que é emitido pela queima do carvão (usado para gerar energia nas fábricas, por exemplo) e dos combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel, além de outros processos.

Os gases-estufa são necessários para a vida, já que mantém a superfície da Terra aquecida, mas à medida que a concentração deles aumenta na atmosfera, a temperatura no planeta tem subido no planeta. Essas substâncias impedem que o calor se dissipe, em algo similar ao que os vidros fazem em uma estufa.

Mar alto

Um dos principais efeitos dessa mudança no clima da Terra é a elevação do nível do mar, que poderá inundar uma parte do litoral de todo o planeta. O nível do mar vem aumentando 1,7 mm por ano nos últimos cem anos, uma velocidade maior do que a média de milhares de anos.

Dependendo do aumento dos gases do efeito estufa, os cientistas dizem que o mar poderia subir entre 18 cm e 59 cm nos próximos anos. Isso pode ter um efeito catastrófico: o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) diz que, se houver um aumento como esse, as ilhas Maldivas, um paradisíaco arquipélago localizado ao sul da Índia, podem se tornar inabitáveis.

O governo local já cogita inclusive comprar um território em outra região do mundo para "fugir" do aquecimento global.

Pragas

O aumento da temperatura também devem interferir diretamente na saúde da população, principalmente no que se refere a doenças que aparecem em regiões mais quentes do planeta e são transmitidos por mosquitos e outros insetos, como dengue, malária e febre amarela. O IPCC afirma, por exemplo, que a população que vive sob o risco dos mosquitos do gênero Anopholes, que transmitem malária, podem crescer em até 400 milhões no próximo século.

Também devem ocorrer mais doenças respiratórias, já que o aquecimento deve acelerar a ocorrência do chamado smog fotoquímico, que aumenta a concentração de ozônio na superfície da Terra – a substância agride o tecido do pulmão, sendo especialmente prejudicial para a asma outras doenças pulmonares.

Espécies de plantas e animais também serão afetados por esse processo, já que a temperatura é um aspecto importante para os processos biológicos das espécies.

O IPCC afirma que entre 20% e 30% das espécies analisadas podem estar em risco de extinção caso as temperaturas médias da Terra aumentem entre 2ºC e 3ºC nos próximos cem anos, em relação aos níveis existentes antes da Revolução Industrial.

Com esse cenário, há um debate político sobre metas para reduzir as emissões de CO2 na Terra, mas os países ainda não chegaram a um acordo sobre as metas e os prazos de redução – há uma discussão sobre a responsabilidade dos países desenvolvidos, acusados de serem os responsáveis históricos por esse processo, e as nações em desenvolvimento sobre quem deve adotar regras mais rígidas para a emissão de gases do efeito estufa.

O IPCC recomendou em seu relatório de 2007 que países desenvolvidos cortassem entre 80% e 95% de suas emissões até 2050, para evitar mudanças climáticas "desastrosas".

O próximo capítulo dessa batalha está marcado para dezembro em Copenhague, na Dinamarca, quando os países vão discutir a adoção de um acordo para o corte de emissões.

A reunião deve discutir um tratado que substitua o de Kyoto, firmado em 1997 e que expira em 2012 – o acordo previa metas para reduzir as emissões as emissões de países desenvolvido, mas poupava os em desenvolvimento, como o Brasil, o que reduziu muito os seus efeitos. Além disso, os Estados Unidos não assinaram o protocolo, tornando-o ainda mais ineficaz.

Com o novo tratado, espera-se conseguir um acordo com mais países, com o objetivo de evitar que a temperatura da Terra aumente mais de 2º em relação aos níveis pré-industrial – acima deste nível, é esperado que as consequências da mudança climática sejam irreversíveis.

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